terça-feira, 9 de agosto de 2011

Chegada de Lampião no céu




1
Lampião foi no inferno
Ao depois no céu chegou
São Pedro estava na porta
Lampião então falou:
- Meu velho não tenha medo
Me diga quem é São Pedro
E logo o rifle puxou


2
São Pedro desconfiado
Perguntou ao valentão
Quem é você meu amigo
Que anda com este rojão?
Virgulino respondeu:
- Se não sabe quem sou eu
Vou dizer: sou Lampião.

3
São Pedro se estremeceu
Quase que perdeu o tino
Sabendo que Lampião
Era um terrível assassino
Respondeu balbuciando
O senhor… está… falando…
Com… São Pedro… Virgulino!
4
Faça o favor abra esta porta
Quero falar com o senhor
Um momento meu amigo
Disse o santo faz favor
Esperar aqui um pouquinho
Para olhar o pergaminho
Que é ordem do Criador
5
Se você amou o próximo
De todo o seu coração
O seu nome está escrito
No livro da salvação
Porém se foi um tirano
Meu amigo não lhe engano
Por aqui não fica não
6
Lampião disse está bem
Procure que quero ver
Se acaso não tem aí
O meu nome pode crer
Quero saber o motivo
Pois não sou filho adotivo
Pra que fizeram-me nascer?
7
São Pedro criou coragem
E falou pra Lampião
Tenha calma cavalheiro
Seu nome não está aqui não
Lampião disse é impossível
É uma coisa que acho incrível
Ter perdido a salvação
8
São Pedro disse está bem
Acho melhor dar um fora
Lampião disse meu santo
Só saio daqui agora
Quando ver o meu padrinho
Padre Cícero meu filhinho
Esteve aqui mas foi embora
9
Então eu quero falar
Com a Santa Mãe das Dores
Disse o santo ela não pode
Vir aqui ver seus clamores
Pois ela está resolvendo
Com o filho intercedendo
Em favor dos pecadores
10
Então eu quero falar
Com Jesus crucificado
Disse São Pedro um momento
Que eu vou dar o seu recado
Com pouco o santo chegou
Com doze santos escoltado
11
São Longuinho e São Miguel,
São Jorge, São Simão
São Lucas, São Rafael,
São Luiz, São Julião,
Santo Antônio e São Tomé,
São João e São José
Conduziram Lampião
12
Chegando no gabinete
Do glorioso Jesus
Lampião foi escoltado
Disse o Varão da Cruz
Quem és tu filho perdido
Não estás arrependido
Mesmo no Reino da Luz?
13
Disse o bravo Virgulino
Senhor não fui culpado
Me tornei um cangaceiro
Porque me vi obrigado
Assassinaram meu pai
Minha mãe quase que vai
Inclusive eu coitado
14
Os seus pecados são tantos
Que nada posso fazer
Alma desta natureza
Aqui não pode viver
Pois dentro do Paraíso
É o reinado do riso
Onde só existe prazer
15
Então Jesus nesse instante
Ordenou São Julião
Mais São Miguel e São Lucas
Que levassem Lampião
Pra ele ver a harmonia
Nisto a Virgem Maria
Aparece no salão
16
Aglomerada de anjos
Todos cantando louvores
Lampião disse: meu Deus
Perdoai os meus horrores
Dos meus crimes tão cruéis
Arrependeu-se através
Da Virgem seus esplendores
17
Os anjos cantarolavam
saudando a Virgem e o Rei
Dizendo: no céu no céu
Com minha mãe estarei
Tudo ali maravilhou-se
Lampião ajoelhou-se
Dizendo: Senhora eu sei
18
Que não sou merecedor
De viver aqui agora
Julião, Miguel e Lucas
Disseram vamos embora
Ver os demais apartamentos
Lampião neste momento
Olhou pra Nossa Senhora
19
E disse: Ó Mãe Amantíssima
Dá-me a minha salvação
Chegou nisto o maioral
Com catinga de alcatrão
Dizendo não pode ser
Agora só quero ver
Se é salvo Lampião
20
Respondeu a Virgem Santa
Maria Imaculada
Já falaste com meu Filho?
Vamos não negues nada
– Já ó Mãe Amantíssima
Senhora Gloriosíssima
Sou uma alma condenada
21
Disse a Virgem mãe suprema
Vai-te pra lá Ferrabrás
A alma que eu pôr a mão
Tu com ela nada faz
Arrenegado da Cruz
Na presença de Jesus
Tu não vences, Satanás
22
Vamos meu filho vamos
Sei que fostes desordeiro
Perdeste de Deus a fé
Te fazendo cangaceiro
Mas já que tu viste a luz
Na presença de Jesus
Serás puro e verdadeiro
23
Foi Lampião novamente
Pelos santos escoltado
Na presença de Jesus
Foi Lampião colocado
Acompanhou por detrás
O tal cão de Ferrabrás
De Lúcifer enviado
24
Formou-se logo o júri
Ferrabrás o acusador
Lá no Santo Tribunal
Fez papel de promotor
Jesus fazendo o jurado
Foi a Virgem o advogado
Pelo seu divino amor
25
Levantou-se o promotor
E acusou demonstrando
Os crimes de Lampião
O réu somente escutando
Ouvindo nada dizia
A Santa Virgem Maria
Começou advogando
26
Lampião de fato foi
Bárbaro, cruel, assassino
Mas os crimes praticados
Por seu coração ferino
Escrito no seu caderno
Doze anos de inferno
Chegou hoje o seu destino
27
Disse Ferrabrás: protesto
Trago toda anotação
Lampião fugiu de lá
Em busca de salvação
Assassinou Buscapé
Atirou em Lucifer
Não merece mais perdão
28
Levantou-se Lampião
Por esta forma falou
Buscapé eu só matei
Porque me desrespeitou
E Lucifer é atrevido
Se ele tivesse morrido
A mim falta não deixou
29
Disse Jesus e agora
Deseja voltar à terra
A usar de violência
Matando que só uma fera?
Disse Lampião: Senhor
Sou um pobre pecador
Que a Vossa sentença espera
30
Disse Jesus: Minha mãe
Vou lhe dar a permissão
Pode expulsar Ferrabrás
Porém tem que Lampião
Arrepender-se notório
Ir até o “purgatório”
Alcançar a salvação

31
Ferrabrás ouvindo isto
Não esperou por Miguel
Pediu licença e saiu
Nisto chegou Gabriel
Ferrabrás deu um estouro
Se virou num grande touro
Foi dar resposta a Lumbel

32
Resta somente saber
O que Lampião já fez
Do purgatório será
O julgamento outra vez
Logo que se for julgado
Farei tudo versejado
O mais até lá freguês
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PROJETO LITERATURA DE CORDEL!!!




PARTICIPEM!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Carta de recomendação, Erin Gruwell.



Não se aprecia o que não se entende. Partindo desse princípio não pode um professor de Língua Portuguesa cobrar de um aluno uma compreensão plena da aula, se nela não foram dadas ferramentas de decodificação da mesma em forma de estimulo.
O que seriam essas ferramentas?
Sabendo-se que jamais se pode fazer uma pergunta em japonês a um aluno que somente fala português, sabe-se também que o primeiro passo para alimentar o gosto e a compreensão plena da aula, é simplesmente torná-la atrativa e envolvente.
Por isso, recomendamos o filme “escritores da liberdade” para ser usado na disciplina de prática pedagógica, pois o mesmo traz informações metodológicas sobre a flexibilidade do plano de aula do professor. No filme a professora Enrin leva em conta aquilo que está fora da sala de aula, que é o conhecimento de mundo dos alunos, valorizando as informações de cada “gangue” ou grupo.
No colégio com professores tradicionais, que alunos são separados e discriminados por serem negros, cambojanos, africanos, pobres, mexicanos, etc. Eles não têm o mesmo tratamento que o restante dos alunos do colégio, a professora com esse impasse muda seu cronograma de aula e suas metodologias de ensino, pois ela vê em seus alunos um potencial muito elevado em criar e em sair de certas situações.
O filme é baseado em uma história real, o que traz uma visão crítica sobre como ensinar e porque ensinar alunos que não tinham valor social para a escola naquele momento. A professora entendeu qual a realidade sócio-cultural, mudou seu modo de falar, para que de forma criativa pudesse adequar-se à realidade da turma, levando os estímulos necessários ao aumento do índice de interesse e compreensão das aulas de Língua Portuguesa.
Enrin parte do princípio de que não se pode cobrar de um aluno uma compreensão plena da aula, se nela não foram dadas ferramentas de decodificação da mesma em forma de estimulo. Em suas aulas ela usa como ferramentas: utilizando dinâmicas, letras de rap, e procura desse modo ganhar a confiança dos alunos.
Ela estuda os fatores de influência de seu grupo de discentes, suas dificuldades e limitações, levando-se em conta seu amadurecimento emocional, neurológico e social.
A professora se adequa à realidade dos alunos e os alunos começam a entenderem a proposta da professora, estabelecendo, assim, um vínculo afetivo entre ambos.